Secretaria de Governança
Um grupo de pesquisadores da Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e do INPE (Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais) inicia a partir desta sexta-feira (15) um estudo inédito
que vai analisar as camadas de turfa em São José dos Campos. O Projeto é
financiado pela Fapesp - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo,
com o apoio da Prefeitura de São José dos Campos.
A equipe multidisciplinar é coordenada pelo
professor doutor Guenther Carlos Krieger Filho e pelo pesquisador Paulo
Bufacchi, do departamento de engenharia mecânica da Escola Politécnica da USP,
e reúne outros especialistas como o Ph.D. Fernando de Souza Costa e a Ph.D
Maria Cristina Forti, do INPE, além de especialistas na área de geologia,
emissão atmosférica e modelos matemáticos.
O estudo consiste em avaliar as turfeiras,
analisando as características físico-químicas, a emissão de poluentes e os
riscos de incêndio. A turfa está presente em camadas de solo de até dez metros
de profundidade, concentradas principalmente na zona norte do município.
A turfa é originária da matéria orgânica
depositada nas várzeas dos rios durante um longo período geológico e que, por
causa da umidade, sofreu decomposição. Este solo rico em matéria orgânica - um
estágio anterior ao carvão - pega fogo facilmente, especialmente durante a
estiagem, provocando odor desagradável, fumaça densa.
Os incêndios de turfa são difíceis de
erradicar e a fumaça da queima no subsolo pode ter um impacto nas proximidades
durante um longo período de tempo. Segundo o professor Guenther, os incêndios
são, em grande parte, consequência da ocupação do solo que ao longo dos anos
drenou antigas áreas de alagamento do rio Paraíba do Sul, características das regiões
de turfa.
O projeto contará com a perfuração de 50
pontos de sondagem para coleta de amostras do solo de até dez metros de
profundidade, que serão testadas no laboratório de Combustão e Propulsão do
INPE. Lá será feita a análise da composição físico-química da turfa, a queima
das amostras por diferentes métodos, a medição de produtos gasosos e material
particulado emitidos, avaliando-os em relação às recomendações da Organização
Mundial da Saúde (OMS). O estudo culminará no desenvolvimento de um modelo
computacional para simular a propagação do incêndio em turfeiras tanto no
subsolo como em fogos de superfície.
Segundo o professor Guenther, a principal
contribuição da pesquisa é gerar dados e informações que poderão respaldar o
município na definição de parâmetros e ações de maior impacto para controle e
mitigação dos incêndios em turfeiras. “Trata-se de um estudo preliminar que
dará base para outros. Precisamos conhecer o problema, o risco de queima da
turfa, analisar o uso e ocupação do solo nessas regiões, para traçar
estratégias para minimizar o início do incêndio”, pontuou.
A
pesquisa terá a duração de 24 meses e os resultados serão publicados em
revistas científicas internacionais e compartilhados com a sociedade por meio
de um workshop a ser realizado no município.