Festivale termina com a atriz Denise Fraga na peça Galileu Galilei
12/09/2016
Teatro
Com texto do Bertolt Brecht, a peça relata como o cientista descobriu que o sol não girava em torno da Terra, contrariando a Igreja Católica Foto: Paulo Amaral/FCCR

Secretaria de Governança

A 31ª edição do Festivale terminou com muita música, conteúdo e emoção. No Teatro Municipal, a noite desse domingo (11) contou com a atriz Denise Fraga, protagonista do espetáculo Galileu Galilei. Com texto do dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898-1956), a peça, que tem ainda o ator Ary França no elenco, relata como o cientista italiano descobriu que o sol não girava em torno da Terra, contrariando a Igreja Católica.

Na Itália do século XVII, o apaixonado estudioso torna-se uma ameaça a quem não aceita os fatos e, logo, cai nas garras da Santa Inquisição. Perseguido, processado e ameaçado de tortura, é obrigado a negar suas ideias publicamente.

Depois de duas horas de espetáculo, Denise Fraga elogiou a realização do Festivale em São José dos Campos. “É tão legal você ver um festival que já tem tanto tempo se mantendo assim. É um festival que todo mundo conhece e o teatro tem se consolidado cada vez mais como um fórum de ideias. Todo mundo deveria vir.”

A atriz se emocionou com a receptividade do público joseense durante a apresentação. “Eu queria muito montar essa peça, já há seis anos. Eu queria muito falar o que essa peça diz. Rendidos estamos todos, mas até onde? Até onde a gente se perde de si ao ter que ceder aos esquemas de poder que a gente inventou para viver? Eu fiquei muito impressionada hoje com a vontade, com o público tão animado. A gente sente a respiração da plateia. Vemos as pessoas realmente sendo tocadas pela ideia. Hoje teve isso. Foi lindo.”

O músico Sergio Pontir, que assistiu ao espetáculo, acredita que a peça conversa com o atual momento do Brasil. “Eu gostei muito da peça. Eu acho que pro momento que a gente está vivendo é importante a gente questionar algumas verdades. Metaforicamente, isso que a peça significou pra mim”, disse.

Já a estudante Fernanda afirmou que o espetáculo a fez refletir sobre a situação do país. “Acho que trouxe a importância da gente se preocupar com o nosso tempo e com o que está acontecendo ao nosso redor. Nada é tão simples de entender, as coisas não são tão simples e a gente precisa parar para estudar.”

No sábado (10), o Teatro Municipal recebeu o espetáculo “Palavra de Mulher”, no qual foram interpretadas músicas de Chico Buarque como Folhetim, Sob Medida, A história de Lily Braun, entre outras do cantor.

No palco, Lucinha Lins, Tânia Alves e Aretha Marcos foram recebidas com a casa cheia. O cenário retratava um cabaré, que ganhava vida com as obras delicadas e sedutoras de Chico, que dão voz à alma feminina.

Lucinha Lins, ao interpretar “A história de uma gata”, relembrou os tempos de “Saltimbancos Trapalhões” (1981) e comentou como ficava feliz de ainda ser lembrada pela atuação. "É prazer puro, é uma delícia, os momentos em que eu posso brincar de falar das personagens que já fiz à custa dos trabalhos das músicas do Chico Buarque e seus parceiros.”

O tema desta edição do Festivale foi “Teatro e Democracia”. Criado em 1984, o festival desde o início preocupa-se em estabelecer um recorte da produção teatral mais significativa de cada período, oferecendo à cidade um rico panorama com as mais significativas produções do cenário nacional.