Anfíbio encontrado no PNMAR será destaque em congresso na Argentina
22/09/2016

Secretaria de Governança

Uma das espécies raras de anfíbio, encontrada no Parque Natural Municipal Augusto Ruschi (PNMAR), Unidade de Conservação de Proteção Integral de São José dos Campos, será destaque no XXIII Congresso Latinoamericano de Microbiologia, que ocorrerá na Argentina a partir do próximo dia 26 até 30. O sapo pingo de ouro (Brachycephalus ephippium), espécie endêmica do Brasil, é encontrado em matas nativas preservadas da Mata Atlântica da Serra da Mantiqueira e Serra do Mar.

Juntamente com outras espécies, o pingo de ouro está sendo alvo de um estudo sobre a ação de fungos e bactérias sobre a pele dos anfíbios e seu sistema de defesa. O estudo intitulado “caracterização da microbiota de anuros do PNMAR” é realizado pela estudante de Biologia Laryssa Nolasco, 25 anos, da Universidade do Vale do Paraíba (Univap).

Um fungo foi encontrado na pele do pingo de ouro, o que poderia indicar que ele está sofrendo mudanças em seu sistema de defesa. A estudante realiza estudos para identificar a espécie do fungo. Alguns fungos podem ser causadores da Chytridiomycosis, doença infecciosa que atinge camadas superiores das células da pele de anfíbios e que, junto a outros fatores, vem dizimando as populações de anuros (anfíbios) e causando desequilíbrio ambiental. “As alterações no habitat dos anfíbios e, consequentemente, no ecossistema podem refletir diretamente na cadeia alimentar do animal”, apontou a universitária.

Segundo Laryssa Nolasco, o estudo dos microrganismos que vivem na pele do anfíbio podem revelar detalhes sobre os hábitos e formas de manutenção e preservação da espécie, assim como identificar fungos que podem ser nocivos para os humanos.

A pesquisa consiste na busca ativa das espécies de anfíbios por meio de expedições na Unidade de Conservação, com a breve captura para coleta do material biológico que será analisado em laboratório. Essa coleta da amostra é feita com auxílio de swab (uma espécie de cotonete utilizado em exames laboratoriais), passado sobre a pele dos anfíbios que, em seguida, são fotografados e devolvidos ao seu habitat.

Laryssa explicou que este estudo é inédito por ser o primeiro que trata da caracterização dos micro-organismos existentes na pele desta espécie, nativa do Brasil e bastante sensível a alterações ambientais, motivo pelo qual o trabalho ganha relevância. “São informações importantes para a saúde e para o meio ambiente. As pessoas têm um certo preconceito com sapos, porém, eles têm um papel muito importante na natureza. Se hoje temos maior incidência de pernilongos nas cidades, talvez seja por um desequilíbrio ambiental.”

O Parque Augusto Ruschi tem sido o local de diversos estudos relacionados à fauna por estudantes do curso de ciências biológicas da região. Recentemente, um levantamento de espécies da herpetofauna (répteis e anfíbios), realizado pelo estudante Matheus Moroti, constatou uma grande diversidade de espécies endêmicas do bioma mata atlântica, com a identificação de 13 espécies de répteis e 31 de anfíbios.

“O parque é um ótimo lugar, com muita biodiversidade para estudo e conhecimento. Quanto mais estudamos mais riqueza descobrimos”, destacou Laryssa, que está satisfeita em levar informações sobre o parque ao Congresso. “É importante mostrarmos algo que é nosso. O Brasil é referência internacional em fauna e flora e fico orgulhosa de mostrar coisas boas que só a gente tem.”

Outro desafio para os pesquisadores, segundo a estudante, é levar o conhecimento adquirido para a comunidade. “É um desafio nosso traduzir esse conhecimento para que as pessoas leigas entendam, especialmente as comunidades do entorno de áreas de preservação como o PNMAR, que usam o benefício destas matas.”

No início de setembro, a Prefeitura realizou a reunião do Conselho Gestor do Parque e convidou os pesquisadores que desenvolvem estudos no local para apresentar seus projetos. Na ocasião, foi apresentada a proposta de uso e infraestrutura do Parque, conforme previsto no Plano de Manejo, perspectivas de obtenção de recursos e outros projetos em curso, como a criação de um herbário em parceria com a Univap.

Parque Natural

O Parque Natural Municipal Augusto Ruschi é a primeira Unidade de Conservação de Proteção Integral de São José dos Campos, criada em 17 de setembro de 2010 pela Lei Municipal 8.195, na área do antigo Horto Florestal.

Localizado no bairro Santa Cruz da Boa Vista, região Norte, o parque é um dos principais fragmentos florestais do município, com 2 milhões de metros quadrados de mata atlântica preservada.

Sua vocação como unidade de proteção integral é voltada unicamente para a conservação da biodiversidade, pesquisas científicas, educação ambiental e turismo ecológico, conforme normas do Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC.