SJC entra com ação no MP contra o Estado por falta de medicamentos
Secretaria de Governança
São José dos Campos enfrenta, desde outubro
de 2015, uma falta crônica de medicamentos de alto custo, o que vem sendo
denunciado pelo município, sistematicamente, todos os meses. O fornecimento de
medicamentos de alto custo é de responsabilidade do governo do Estado. Falta
essa que prejudica milhares de pacientes todos os meses e chegou agora, em
dezembro, ao seu ápice.
Neste mês, o Estado já avisou que 72
medicamentos estarão em falta, deixando de atender cerca de 4.500 pacientes.
Frente à essa situação, e considerando as inúmeras tentativas de negociação sem
sucesso entre Prefeitura e Estado, o município ingressou nesta sexta-feira (9)
com uma representação no Ministério Público contra o Estado.
O objetivo da representação é denunciar a
situação e solicitar providências do MP para que o Estado disponibilize tais
medicamentos imediatamente, já que sua falta prejudica a saúde dos pacientes
atendidos e acarreta uma série de riscos à integridade física dos servidores
municipais, que são os que fazem a entrega dos medicamentos e, muito
frequentemente, são agredidos, verbal e até fisicamente, por pacientes
desesperados com essa situação.
Um ofício também foi protocolado na
quarta-feira (7), na DIR de Taubaté, endereçado ao secretário de Estado
da Saúde, David Uip, solicitando que providências sejam tomadas o mais rápido
possível. Em dezembro, a distribuição dos remédios começa nesta segunda-feira
(12) e vai até o dia 20.
A lista inclui medicamentos para vários tipos
de doenças graves: Alfadornase, indicado para o tratamento de fibrose cística,
Alfaepoetina, para tratar anemia em pacientes com insuficiência renal,
Daclatasvir, para tratar hepatite C, Bimatoprosta, um colírio para glaucoma,
Hidroxicloroquina, para pacientes com malária, Pramipexol, para doença de
Parkinson, Everolimo, para câncer renal com metástase, e o topiramato de várias
mg, indicado para convulsão. Estes são alguns dos remédios que não estarão
disponíveis para os pacientes este mês, segundo a lista enviada pelo Estado.
Segundo o secretário de Saúde, ingressar com uma representação no Ministério Público é uma última
tentativa do município para resolver a questão. “Não queríamos, de maneira
alguma, ter de chegar a esse ponto. Afinal, o caminho judicial não é o melhor.
Mas, infelizmente, é o único nesse momento para tentarmos resolver esse impasse
que tem gerado gastos exorbitantes para o município, com a judicialização”,
explicou.
Segundo o secretário, a falta recorrente de
medicamentos de alto custo tem gerado custos para o município, uma vez que os
pacientes não atendidos recorrem à Justiça para conseguir esses medicamentos
que são extremamente caros. Em 2012, o município gastou R$ 669.530,08 com a
judicialização. Este ano, até o dia 8 de dezembro, o valor foi multiplicado por
cinco: R$ 3.383.469,04 milhões.
“Isso mostra que o descumprimento do Estado
da sua obrigação está prejudicando todo mundo: os pacientes que precisam dos
medicamentos e ficam à mercê da situação, o município, que tem gastos
exorbitantes, e a população em geral, que vê o orçamento da saúde que era pra
ser investido em outras melhorias, sendo consumido no cumprimento de ações
judiciais”, disse o secretário.
Mais uma vez, a Secretaria da Saúde divulga a
lista de medicamentos que
estão faltando, para orientar e informar a população sobre os itens que faltam
e evitar que os pacientes sejam pegos de surpresa.