Tropeiros recebem bençãos em clima de festa e emoção
01/07/2017
A 10ª Festa dos Tropeiros reuniu moradores e turistas neste sábado para a benção e o desfile de cavaleiros em São Francisco Xavier
Sérgio Giloi, de 38 anos, e a filha Kathallen, de 6 anos, se juntaram aos tropeiros com o cavalo Jaú e a égua Menina, respectivamente Foto: Beto Freitas/PMSJC

Secretaria de Governança

Com a benção de Nossa Senhora Aparecida e de São Sebastião, o distrito São Francisco Xavier comemora neste fim de semana o retorno da Festa do Tropeiro, com programação especial para os moradores, apaixonados pela cultura caipira, turistas do Vale do Paraíba, de outros lugares e tropeiros de passagem pelas montanhas da Serra da Mantiqueira. 
 
O som do berrante depois do pedido de benção para cerca de 300 tropeiros que se reuniram na tarde deste sábado (1), no Centro de Apoio aos Tropeiros, anunciava o início do desfile de cavaleiros como parte da programação da 10ª edição do evento preparado pela Prefeitura em parceria com a população.
 
O clima tropeiro e caipira se misturava com o som da cavalgada pela rua 15 de Novembro. Turistas curtiam restaurantes, bares, cafés e tudo o que acontecia em torno da Praça Cônego Manzi. Eles puderam acompanhar de perto o desfile dos cavaleiros. E tinha gente de todos os cantos do Vale do Paraíba, cidades do sul de Minas Gerais e até de outros estados. 
 
Há 10 anos Sérgio Giloi, de 38 anos, deixou o Mato Grosso do Sul para viver nas terras de ‘São Xico’. Ele e a filha Kathallen, de 6 anos, se juntaram aos tropeiros com o cavalo Jaú e a égua Menina, respectivamente, para o desfile dos tropeiros. 
 
“Vim trabalhar no distrito e conheci minha mulher (Andressa) e acabei ficando. O lugar é bom demais. Estou gostando do clima, pelo fato de ser caipira e por valorizar essa tradição”, disse.
 
A 10ª Festa do Tropeiro continua neste domingo (2), às 9h, com Santa Missa e uma apresentação de violeiros na Praça Cônego Manzi. À tarde está programada demonstração de pastoreio, com cães da raça border collie, e o encerramento com show de uma dupla caipira, às 15h. 
 
O joseense Auro Miragaia deixou a cidade para viver em São Francisco Xavier há 28 anos. Com o desempenho do filho Kauan, de 13 anos, na prova dos três tambores --ele conquistou o segundo lugar-- ele comemorava a festa responsável por atrair cavaleiros de outras cidades como Caçapava, Monteiro Lobato, São Bento do Sapucaí e Monte Verde (MG). 
 
“Tudo isso que você (para o repórter) está vendo é o resgate do homem tropeiro. Há seis anos não acontecia essa festa. Agora estamos resgatando a cultura com apoio da Prefeitura. Era o que a gente esperava. É cultura de raiz. São Francisco foi fundado por tropeiros”, contou.  

No desfile de cavaleiros era possível ver carros de boi, de búfalos, tropeiros com suas cangaias (sela rústica de madeira que serve de apoio para barris ou cestos), muleiros e até a rainha dos tropeiros com suas princesas --na primeira noite de festa teve escolha da rainha e das 1ª e 2ª princesas. 
 
Festa e cultura vista da varanda da própria casa. Pelo menos foi assim com a dona de casa Rose Leite, moradora há 32 anos do endereço Praça Cônego Manzi --considerado o coração do distrito. “Eu acho bonito. Não preciso nem sair de casa. Ontem (sexta), o apresentador do evento falou que não é para deixar a nossa tradição ‘morrer’. A gente nem sabe montar em cavalo, mas é apaixonada”, disse. 
 
Quem também curtiu a festa foram as amigas Fátima Aparecida da Silva, 41 anos, Zilda Oliveira, 67 anos. “Sempre morei em São Francisco. Que bom que essa festa voltou”, disse Fátima.
 
Tradição

O resgate da tradição do tropeirismo tem o objetivo de valorizar a comunidade do vilarejo na Serra da Mantiqueira. Era ali que, no século 19, os tropeiros faziam paradas de descanso quando vinham de Minas Gerais para comercializar produtos no Vale do Paraíba.
 
Repleto de beleza por montanhas, picos e cachoeiras, São Francisco Xavier preserva também a religiosidade e a música de raiz popular, presentes na festa que voltou a ser organizada, além do artesanato. 
 
“É um distrito com bastante artesãos e artistas. Faço cachecol de tricô de braço sem agulha e fiz questão de expor alguns artesanatos como esses que eu mesma fiz”, contou Cecilia Loed, de 65 anos. “Moro aqui há três anos”, completou. 
 
Programação
 
2 de julho – Domingo
 
9h – Santa Missa (Praça Cônego Manzi)
11h – Apresentação de violeiros (Praça Cônego Manzi)
14h – Demonstração de pastoreio, com cães da raça border collie (Centro de Apoio aos Tropeiros)
15h – Show com Fred e Kadu (Praça Cônego Manzi)
 
 
4ª Mostra de Arte

Durante todo o mês de julho, São Francisco sedia a 4ª Mostra de Arte e Cultura (MAC-SFX), com a participação de mais de 100 artistas locais em atividades gratuitas, como artes plásticas, cinema, dança, música, teatro e outras.
 
Além das apresentações e performances, a mostra também terá oficinas de cerâmica, carimbo, madeira, pintura (em acrílico), fanzines, impressão com estêncil, cartão de oshibana (com plantas desidratadas), corte de vidros e audiovisual.
 
Para participar, os interessados devem se inscrever pelo e-mail macsfx2017@gmail.com ou pelo site do evento, onde terão acesso aos dias e horários de cada aula. Toda as atrações serão concentradas no casarão da Prefeitura, localizado na praça Cônego Manzi. A programação completa e detalhada do evento está no site www.macsfx.com.